Batatas fritas do Burger King
Batatas-raínhas
Haverá bom fast food? A pergunta é tão disparatada como perguntar se haverá má comida em restaurantes tradicionais. É claro que há. Comer fast food é gostar de pôr as mãos no alimento e dar de comer a um milhão de "portugueses".
Não há ainda a cadeia perfeita de fast food. Como nas singularidades da rapariga loira do Eça (cinturas finas em Viana, peles em Amarante...), a solução é sentar-se num qualquer food court e escolher o hambúrguer aqui, as batatas ali, a bebida acolá.
Mas qualquer que seja essa sua composição, as batatas fritas têm de ser do Burger King. São sempre as mais bem cortadas, as mais bem fritas e as que envelhecem melhor. São as que melhor partem, sem dobrar, as que melhor agarram a mostarda ou o ketchup. São mais sólidas do que as demais, e quase quase que sabem a batata. Mas isso pouco importa, quando aquele final prolongado a cartão nos empurra para mais uma trincadela no Big Mac.
É que gostar das batatas fritas do BK não implica que as comparemos com as suas homógrafas que se comem em casa e nos bons restaurantes. Tal como seria desonesto comparar a Dulce Pontes a uma qualquer fadista.
Lourenço Viegas
Time Out, n.º 4, 17 Out
Haverá bom fast food? A pergunta é tão disparatada como perguntar se haverá má comida em restaurantes tradicionais. É claro que há. Comer fast food é gostar de pôr as mãos no alimento e dar de comer a um milhão de "portugueses".
Não há ainda a cadeia perfeita de fast food. Como nas singularidades da rapariga loira do Eça (cinturas finas em Viana, peles em Amarante...), a solução é sentar-se num qualquer food court e escolher o hambúrguer aqui, as batatas ali, a bebida acolá.
Mas qualquer que seja essa sua composição, as batatas fritas têm de ser do Burger King. São sempre as mais bem cortadas, as mais bem fritas e as que envelhecem melhor. São as que melhor partem, sem dobrar, as que melhor agarram a mostarda ou o ketchup. São mais sólidas do que as demais, e quase quase que sabem a batata. Mas isso pouco importa, quando aquele final prolongado a cartão nos empurra para mais uma trincadela no Big Mac.
É que gostar das batatas fritas do BK não implica que as comparemos com as suas homógrafas que se comem em casa e nos bons restaurantes. Tal como seria desonesto comparar a Dulce Pontes a uma qualquer fadista.
Lourenço Viegas
Time Out, n.º 4, 17 Out