Croissant prensado - Versailles
Croissant Gutenberg
Quando entro na Versailles tenho sempre de fazer um esforço para me lembrar que não estou no Madame Tussauds. Âncora para voltar à realidade são as netas das figuras de cera que por ali vivem, aos grupos de quatro e cinco. Concentro-me nas canucas, nos seus ténis da moda trazidos de Londres e nas camisolas em meia-lua da H&M. O que me leva à Versailles é o croissant-gutenberg. Misto e bem prensado, sem lhe deixarem marcas de grelha de peixe na pele e aquecido apenas o suficiente para lhe semi-derreter o queijo. É digno de nota e coisa rara em Lisboa. Quantas vezes, em pastelarias de bairro, empregados virgens ofendidas, ao pedido de um croissant prensado, fazem aquele olhar do 'nem pensar que meto um croissant na minha tostadeira', explicando depois que fica assim açucarada e estraga as tostas mistas.
O croissant da Versalhes (agora com o lhe muito acentuado), sem ser demasiado pão-de-leite nem demasiado folhado, vem na dose certa, pequenino, maneirinho, sem excessos, que a gente que ali vai nunca passou fome na vida e por isso não precisa de doses nortenhas.
Claro que há sempre quem ache que comer scones é melhor (ou mais bem) e que o croissant misto, prensado, é banal. Mas eu prefiro ficar assim, entre os sacos de naftalina cacarejantes e as suas netas, sem tentar ser chique. E com metade do croissant dentro da boca, quando o queijo se me esparrama pela beiça sai-me tão melhor aquele Versailles, à francesa, já sem o lhe.
Croissant misto ou de queijo prensado
Versailles
Av. da República, 15-A
1050-185 LISBOA
213546340
Lourenço Viegas
Time Out, n.º 8, 14 Nov. 2007
Quando entro na Versailles tenho sempre de fazer um esforço para me lembrar que não estou no Madame Tussauds. Âncora para voltar à realidade são as netas das figuras de cera que por ali vivem, aos grupos de quatro e cinco. Concentro-me nas canucas, nos seus ténis da moda trazidos de Londres e nas camisolas em meia-lua da H&M. O que me leva à Versailles é o croissant-gutenberg. Misto e bem prensado, sem lhe deixarem marcas de grelha de peixe na pele e aquecido apenas o suficiente para lhe semi-derreter o queijo. É digno de nota e coisa rara em Lisboa. Quantas vezes, em pastelarias de bairro, empregados virgens ofendidas, ao pedido de um croissant prensado, fazem aquele olhar do 'nem pensar que meto um croissant na minha tostadeira', explicando depois que fica assim açucarada e estraga as tostas mistas.
O croissant da Versalhes (agora com o lhe muito acentuado), sem ser demasiado pão-de-leite nem demasiado folhado, vem na dose certa, pequenino, maneirinho, sem excessos, que a gente que ali vai nunca passou fome na vida e por isso não precisa de doses nortenhas.
Claro que há sempre quem ache que comer scones é melhor (ou mais bem) e que o croissant misto, prensado, é banal. Mas eu prefiro ficar assim, entre os sacos de naftalina cacarejantes e as suas netas, sem tentar ser chique. E com metade do croissant dentro da boca, quando o queijo se me esparrama pela beiça sai-me tão melhor aquele Versailles, à francesa, já sem o lhe.
Croissant misto ou de queijo prensado
Versailles
Av. da República, 15-A
1050-185 LISBOA
213546340
Lourenço Viegas
Time Out, n.º 8, 14 Nov. 2007