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13.11.07 

Peidan (ovos preservados)

Um peidan para vocês

Quando já não souber como surpreender a sua família, diga que lhes vai dar um belo peidan. Vá a um supermercado chinês e peça peidan. Eles não vão achar que pediu outra coisa – a cara de espanto é mesmo assim, de quem não fala português e acha estranho um português a pedir uma coisa sem apontar.
Peidan são ovos, normalmente, de pata ou gansa, envelhecidos. Ovos que por fora parecem ovos normais, mas não são. Chamam-se ovos de cem ou mil anos, ou traduzindo literalmente, ovos de pele de couro. Eu prefiro chamar-lhes ovos podres. Assim que os abrir vai perceber. A clara, está acastanhada, como se tivesse cozido numa mistura de coca-cola e ferrugem – e a gema está preta, ou verde escura, também como se tivesse sido cozida. Mas não foram, apenas estiveram enterrados em cinzas, cal, gesso, sal, chumbo e uma série de outros produtos químicos inofensivos. Dizem que o peidan não faz mal, mas à cautela peça sem-chumbo.
O mais interessante é que o peidan não cheira mal e surpreende sobretudo pelo sabor, a queijo com fungos (Gorgonzola ou Roquefort), por vezes com um leve travo amoniacal. Pode comê-lo só pela façanha, mas fica bem (talvez não seja a expressão mais apropriada) numa salada. Se os cozinhar, por exemplo, num congee (sopa de arroz), vão perder o sabor – o que para muitos pode ser uma benção. Lourenço Viegas

Peidan / Ovos preservados
Qualquer supermercado chinês


Lourenço Viegas
Time Out, n.º 7, 7 Nov. 2007

Contraprovador

  • Lourenço Viegas, 54 anos, é geólogo e crí­tico gastronómico. Colabora semanalmente na Time Out Lisboa. Nasceu em Lourenço Marques e vive no Ribatejo. Tem duas filhas.
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